Elas ainda florescem. E você?

 


Há algum tempo eu parei de produzir rosas do deserto comercialmente. Antes, cada semente era um projeto, cada florada um objetivo alcançado. Cada muda vendida carregava parte do meu sonho, da minha dedicação e da minha vida. Mas o tempo passou, outros caminhos se abriram, outras prioridades chegaram, e eu precisei desacelerar. Não parei completamente – minhas mãos continuam tocando a terra, cuidando de cada planta que resistiu ao tempo e à minha pausa.

Hoje, enquanto caminho entre os vasos, vejo que elas continuam florescendo. Mesmo sem todo aquele cuidado técnico que eu tinha antes, mesmo sem adubo na data certa, sem poda estratégica ou aquele brilho de mercado… elas florescem. Simplesmente porque nasceram para isso. Elas não dependem do meu “comércio”, do meu calendário ou da minha meta de vendas. Elas apenas seguem seu ciclo, com força, com leveza e com a certeza de que a vida não precisa de aplausos para continuar sendo vida.

E eu penso: e nós?

Quantas vezes acreditamos que, se não estivermos no auge, se não estivermos produzindo com todo o gás, não servimos mais? Quantas vezes achamos que parar é fracassar? Mas não é. Parar também faz parte. Desacelerar não nos desvaloriza. Não importa se você não está no pico da carreira, se não rende o que rendia antes, se não tem a força de ontem. Você continua aqui. Ainda é vida. Ainda floresce.

Essas rosas me ensinam todo dia que não há idade para florir, nem fase certa para ser bonito, nem condição ideal para continuar vivendo com dignidade, com cor, com perfume. Enquanto houver raiz, enquanto houver terra, enquanto houver um pouco de sol e água, elas florescem.

E você, tem permitido que seu coração floresça, mesmo que não esteja produzindo como antes? Tem se olhado com carinho, aceitando que a vida não é só força e velocidade, mas também quietude, descanso e contemplação?

Hoje eu te digo: Elas ainda florescem. E você?

 


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